sábado, 29 de dezembro de 2007

Dia Mundial da Biodiversidade

"SE VOCÊ QUISER UM ANO DE PROSPERIDADE, PLANTE TRIGO.
SE QUISER DEZ ANOS DE PROSPERIDADE, PLANTE ÁRVORES.
SE QUISER 100 ANOS DE PROSPERIDADE, ENSINE AS PESSOAS."
Provérbio Chinês

Isso sim é DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL!.Educação!. E tenho dito.


Artigo 02/01/2007_Biodiversidade

Alguém se lembrou que dia 29 de dezembro é o Dia da Biodiversidade ???

por Paulo Brack*

Apesar dos dramáticos dados sobre o aquecimento global e o futuro incerto da humanidade frente a situações de maior freqüência de tragédias climáticas, de desaparecimento contínuo dos ecossistemas naturais, extinção de espécies e à falta crescente de água, os governos dos países de todos os continentes continuam buscando a mesma fórmula de crescimento econômico que aprofunda o ambientalmente insustentável.

As mega-monoculturas de exportação, as mega-hidrelétricas, os mega-empreendimentos industriais continuam sendo a grande solução para a redenção dos povos.
A velha receita imediatista.

Desengavetam-se "revoluções verdes" e "caminhos nucleares" para crises planejadas, com processos econômicos que desconsideram os processos ecológicos que se formaram há milhões de anos.
Apesar do Mercado da Grande Escala e os governos, seus sócios ou reféns, estarem satisfeitos com a homogenização da paisagem econômica,cultural e biológica, o dia 29 de dezembro é o Dia Mundial daBiodiversidade.
Que entendimento temos disso? Que cenário futuro este modelo nos presenteará? Qual o papel do Brasil, país megadiverso frente à mega-solução do Mercado que defende a clonagem da vida, o patenteamento dos organismos vivos, travestidos de transgênicos?

Ao Mercado Global, da solução única, não interessa a diversidade. Talvez por isso tenha permitido essa data, de última hora, 29 de dezembro para um tema tão estratégico para os países doTerceiro Mundo. No Brasil, bilhões de reais estão sendo encomendados para a infra-estrutura dos mega-empreendimentos, como a transposição do rio São Francisco, as mega-hidrelétricas do rio Madeira, as adicionais e caras usinas nucleares de Angra, entre outras.

Esquecemos que, no fundo, os pilares da economia são formados pela biodiversidade. Mais de 5 mil espécies vegetais alimentícias da florabrasileira esperam por seu espaço para romper a paisagem homogênea do agronegócio. O descaso é tanto que o país perde anualmente 5,5 bilhões de dólares pelo patenteamento estrangeiro de nossa flora e fauna.

Governos, universidades e empresas não se livram da lógica imediatista, alegando que demoraríamos muito para pesquisarmos nossa biodiversidade (alimentos, medicamentos, produtos energéticos, etc.).

A agricultura convencional de exportação de grãos, no país das frutas tropicais nativas, não tolera a diversidade. Da mesma forma, na questão energética, no convencional cenário imediatista,praticamente, não há espaço para inovações de soluções locais,descentralizadas como energia solar e eólica, o biogás, o biodiesel a partir de permacultura, como, por exemplo, no uso de óleos de nossas palmeiras, com menor impacto ambiental do que a hipertrofia da soja. A maior conservação e eficiência energética talvez não interessem ao crescimento de 5 % que está na pauta cotidiana dos grandes veículos de comunicação atrelados ao capital das grandes empresas que teimam em manter a ordem da concentração insustentável.

O Meio Ambiente continua tornando-se o vilão do "crescimento", como na última década de 70.
Interesses inconfessos preferem manter o modelo imediatista da dependência. Para tanto, a flexibilização laboral-ambiental é a palavra de ordem. Não lhes interessa admitir que a crise dos "controladores do meio ambiente" é crônica e tem como fundo os interesses do grande capital que não tolera regras ambientais e sociais. A deliberada fragilização do controle ambiental aprofundiza-se, ao mesmo tempo que se aprofundiza a busca pelo atalho reducionista do crescimento atrelado a seus mega-projetos "miraculosos" que arrasam a natureza.

Diante da inerente contradição do Mercado Global, o dia 29 de dezembro continua sendo o dia da Biodiversidade. Quantas pessoas sabem disso? Que interesse os governos têm de divulgá-lo, se em Joanesburgo, a Rio + 10 foi um fracasso promovido pela lógica expansionista da globalização neoliberal? Nesta lógica, perde o Brasil e o Mundo.

Mas não interessa permanecermos "lamentando" a situação, sem buscarmos as necessárias alternativas.

Uma alternativa seria que os setores não governamentais e governamentais, que tenham coragem, refletirem sobre a realidade do modelo e de caminhos mais sustentáveis.
Assim, é fundamental que os setores não governamentais e governamentais construam uma proposta que parta de outro paradigma que não a do vazio "crescimento" da economia. Está na hora de montarmos um projeto "Brasil Sócio-Biodiverso 2012", tendo como horizonte a médio prazo aRio + 20, onde distintamente da Rio + 10, as organizações não governamentais tomariam a dianteira e não esperariam pelos governos ambíguos e sem rumos sustentáveis.
Um documento que tenha metas a curto, médio e longo prazos. Comecemos desde já elaborar esta proposta?

O autor é Professor do Departamento de Botânica da UFRGS


Fontes:

National Geographic Brasil_DossiêTerra, por uma vida sustentável no século 21_Edição especial de colecionador_São Paulo_Editora Abril_2007

http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=2049&Itemid=62

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