terça-feira, 2 de junho de 2009

Em primeiro lugar, a Sustentabilidade !!!

Richard M. Locke, professor de empreendedorismo no MIT Sloan School of Management e professor do departamento de ciência política do MIT, ajudou a liderar o desenvolvimento do Laboratory for Sustainable Business (Laboratório de Negócios Sustentáveis - S-Lab) do MIT Sloan, que investiga em sala de aula questões de gestão sustentável, bem como coloca os alunos dentro de empresas que estão abordando desafios em sustentabilidade em todas as frentes. Sua própria investigação atual centra-se na melhoria das normas ambientais e trabalhistas nas cadeias de fornecimento globais.

Agenda Sustentável: Para líderes e gestores, o que você acha que significa "sustentabilidade"?

Richard Locke: Nós não temos uma definição comum sobre isso ainda. Ouço duas definições diferentes, nos círculos em que convivo. Uma delas é de fãs da sustentabilidade, em termos ambientais: dizem que temos de preservar e conservar o ar, a água e recursos naturais ou estaremos em desequilíbrio, minando a capacidade terrestre em suster a vida humana.
A outra concepção é realizada por pessoas que pensam basicamente da sustentabilidade como uma ameaça - geralmente uma iminente ameaça de regulamentação fiscal do carbono. Então, muitas dessas pessoas pensam na sustentabilidade apenas como algo que será mau para os negócios, em vez de pensar nela como uma oportunidade de negócio. Algo que tenho certeza que é.

AS: Então, você acha a definição importante – precisamos estabelecer um consenso sobre o que falamos, quando abordamos sustentabilidade?

RL: Sim. Temos de ter certeza que, se nos preocupamos com o meio ambiente, estamos também atentos às pessoas e à dimensão social da sustentabilidade. Eles devem andar de mãos dadas, e não apenas nos países industriais avançados, mas especialmente no mundo em desenvolvimento. Se você não combinar as duas coisas, é um problema.

AS: O que desencadeará um novo foco nas estratégias de gestão relacionadas à sustentabilidade, nas organizações? Muitas vezes vemos todos os tipos de mudanças impulsionadas apenas porque um CEO torna aquilo uma religião – isso acontecerá, nesse caso?

RL: Bem, além da pressão governamental por causa de regulamentações, haverá a pressão dos consumidores. Todas as pesquisas e experiências em bens de consumo, quer trate de certificação de fair trade, parecem sugerir que as pessoas realmente valorizam essas coisas.
Penso que haverá grande pressão também de dentro das próprias empresas – não de um CEO missionário, mas de alguns dos gerentes funcionais. Minha teoria é que serão alguns grupos da periferia, geralmente de nível médio, que encontrarão a solução para problemas reais. Eles mostrarão que a sustentabilidade funciona, e então podem começar a difundi-la. E então será acatado pelo conselho. Eu acho que raramente esta é uma ação do topo para a base.

AS: É possível correlacionar sustentabilidade e vantagem competitiva?

RL: Claro. Eficiência (custos unitários mais baixos), qualidade, confiabilidade – geralmente esses atributos "positivos" das empresas caminham lado a lado, dirão os gestores. Agora pense sobre sustentabilidade. Se as empresas são boas no desenvolvimento de sistemas que lidam com saúde e segurança, e/ou no tratamento de resíduos e água, e/ou na concepção de formas inovadoras para reduzir o consumo de energia, e assim por diante, costumam agir em conjunto com a sua forma de fazer negócios. Em outras palavras, as empresas precisam pensar profundamente sobre como estabelecer diferentes sistemas de gestão que promovam práticas empresariais sustentáveis mais eficientes e inovadoras ou que diferencie seus produtos e serviços no mercado.
A sustentabilidade torna-se um agente para a gestão da qualidade. Esta é uma maneira rápida de outros, sejam clientes ou potenciais parceiros, obterem informações sobre fornecedores ou qualquer outro parceiro da cadeia de valor e que tipos de sistemas possuem. E isso faz sentido para mim, completamente.

AS: Quais são os impedimentos para avançar? O que as empresas e os gestores têm de ultrapassar para “fazer acontecer” na área da sustentabilidade?

RL: A primeira coisa a combater são os seus próprios pressupostos, seu próprio modelo mental, pensar se adotar esta causa será um custo extra ou um impulso nos negócios. Especialmente agora, durante esse período de crise financeira e diminuição de demanda, podem dizer: "Olha, já temos dificuldades para manter nossos números. Não nos peça para fazer qualquer investimento."
Mas agora é um ótimo momento para que as empresas revejam sua forma de encarar a sustentabilidade e no que estão fazendo, para ver as oportunidades de redução no consumo e mudar a maneira como fazem as coisas. Será a economia de custos que os impelirá para o próximo esforço de crescimento. No final, penso que os esforços para agir na direção a questões de sustentabilidade serão o verdadeiro estímulo para a inovação – este é um impacto que vejo claramente, no curto prazo. Mas os líderes e gestores ainda precisam ser convencidos de que é possível.

[Esse artigo é o último de uma série de entrevistas do Sloan Management Review"s Sustainability Initiative do MIT, publicadas na GreenBiz.com. É uma adaptação de "Sustainability as Fabric — and Why Smart Managers Will Capitalize First" (Sustentabilidade como Tecido - e Por quê gestores inteligentes terão retorno primeiro) que apareceu originalmente no MIT Sloan Management Review, na edição de Janeiro de 2009. ]© Massachusetts Institute of Technology, 2009. Todos os direitos reservados.]
Fonte: Agenda Sustentável (
http://www.agendasustentavel.com.br/)

HSM Online27/05/2009

Fonte: http://br.hsmglobal.com/notas/52677-em-primeiro-lugar-sustentabilidade-

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