quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

UM MAR DE ENCRENCAS

10 de Dezembro de 2009



Na região de Abrolhos, a exploração de petróleo e a carcinicultura ameaçam uma grande área de algas calcáreas, que funcionam como depósitos de carbono.

















São Paulo (SP) — Desde o grande escape de gás metano no fundo do mar, há 55 milhões de anos, os oceanos não experimentavam um processo de acidificação tão veloz como o que anda acontecendo atualmente. A conclusão faz parte de um estudo assinado por mais de 100 cientistas europeus, ligados a 27 instituições de pesquisa marinha do continente, que foi distribuído nesta quinta-feira em Copenhague pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), ligada à ONU.


A aceleração da acidificação é consequência direta da absorção, pelos mares, de níveis cada vez mais altos de CO2, o que torna os oceanos vítimas do aquecimento global. Os oceanos absorvem naturalmente o carbono que está na atmosfera. Mas o aumento do nível de emissões faz com que eles capturem CO2 em quantidades excessivas, contribuindo para a decadência da sua biodiversidade e comprometendo sua função como sumidouros naturais de carbono. Várias espécies já estão sofrendo os efeitos do processo. Baleias e golfinhos estão perdendo sua capacidade de navegação. Plânctons, que estão na base da cadeia alimentar marinha, estão sumindo.




O estudo, ‘Ocean acidification – the facts’ (‘Acidificação dos Oceanos, os fatos’) foi distribuído para todos os participantes das negociações sobre o clima. Ele expõe uma realidade alarmante. A acidificação dos mares cresceu em 30% desde o início da Revolução Industrial. Mantidos os índices atuais nas emissões de CO2, a acidez dos oceanos pode aumentar em 120% até 2060, colocando em risco uma importante fonte de alimentos para a humanidade. Para Dan Laffoley, editor-chefe do relatório e um dos diretores da IUCN, “o processo de acidificação dos oceanos pode ser melhor descrito como o irmão gêmeo maligno do aquecimento global”.


Segundo o jornal britânico “The Guardian”, o relatório aponta que diversas espécies já estão criticamente em perigo devido a essas alterações. Cita entre outros animais pequenas algas como a Calcidiscus leptoporus, que é um importante elemento da base na cadeia alimentar marinha. As estruturas de corais, berços importantes da biodiversidade nos mares, estão morrendo graças ao volume de acidez nos oceanos. Ela também aumenta a propagação de sons debaixo d’água, atrapalhando a comunicação entre cetáceos e prejudicando sua capacidade de orientação.
Os cientistas divulgaram que os mares do Atlântico e do Pacífico Norte – fundamentais na alimentação durante o verão para diversas espécies de baleias – sofrerão os maiores índices de acidificação. Eles chamam atenção para os níveis de aragonita, um tipo de carbonato de cálcio essencial para a formação de esqueletos e conchas de diversos organismos e que será reduzido em todo o mundo. Como águas frias absorvem CO2 com maior velocidade, o estudo prevê que os níveis de aragonita cairão entre 60% a 80% até 2095 no Hemisfério Norte.


A única maneira de reverter este processo é pelo caminho já conhecido. “Temos de investir na redução das emissões de gases devem ser agressivas e imediatas”, diz John Baxter, um dos autores do relatório. O documento esta sendo distribuindo em todo o mundo para tomadores de decisão e líderes políticos. Sendo a acidificação um evento de fácil identificação e imediatamente mensurável, a idéia é conseguir desarmar os céticos sobre o aquecimento global e reposicionar o papel dos oceanos no processo de negociação sobre o clima dando ao tema a devida importância.
O Greenpeace defende 40% de áreas marinhas protegidas em águas internacionais para garantir a biodiversidade e a saúde dos oceanos.


Fontes: http://www.greenpeace.org/brasil/oceanos/noticias/um-mar-de-encrencas ;
http://www.epoca-project.eu/index.php/Ocean-Acidification-the-facts.html ;
http://www.guardian.co.uk/environment/2009/dec/10/ocean-acidification-epoca

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